Durante o Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu, realizado no último fim de semana em Barueri (SP), a catarinense Tainá Dames conquistou mais do que uma medalha: ela venceu medos, rompeu barreiras pessoais e emocionou com uma mensagem de superação. Ao celebrar o terceiro lugar em sua categoria, Tainá chamou atenção nas redes sociais ao lembrar que o esporte é feito de histórias — e que o valor de uma conquista vai muito além do lugar no pódio.
Em entrevista, a atleta compartilhou o significado de estar entre as três melhores, a força da presença feminina no jiu-jitsu e os aprendizados que carrega de volta para casa.
Você compartilhou que se sentiu vitoriosa mesmo antes do pódio. O que representou para você estar entre as três melhores, em uma categoria tão disputada?
"A minha história no jiu-jitsu começou muito antes da minha faixa branca atual. Iniciei em 2015 e fui até a laranja com branco, mas como minha família era muito instável, tive muitos problemas psicológicos e sofri muitas violências. Desisti de muitas coisas, inclusive do jiu-jitsu e do judô. Voltei depois de 7 anos, no momento mais difícil da minha vida — em depressão. O jiu-jitsu me ajudou com os meus problemas e reacendeu minha paixão pelo esporte. Nunca tinha saído do Sul, nunca tinha andado de avião, e fiz isso sozinha. Estar entre as 3 melhores mostrou que tudo que eu quero, eu posso. Basta persistência, foco e pessoas que nos apoiem. Mesmo não sendo o primeiro lugar, sinto que venci.”
Como foi enfrentar um campeonato com 13 mulheres na sua categoria? O que isso diz sobre o crescimento feminino no jiu-jitsu?
"Ver outras mulheres no pódio comigo e alcançar os sonhos em um esporte que ainda estamos conquistando espaço é gratificante demais. Me inspira ainda mais a continuar. Sempre que vejo uma de nós vencendo, sinto que todas ganhamos de alguma forma."
O que passou pela sua cabeça no momento em que soube que havia garantido o terceiro lugar no Brasileiro?
"A primeira coisa foi: 'Poxa, eu estou entre as 3 melhores em um dos campeonatos mais importantes do jiu-jitsu'. Senti um alívio imenso, me senti leve e com mais vontade ainda de buscar uma posição mais alta no futuro."
Além da medalha, o que você leva dessa experiência em Barueri para sua trajetória como atleta?
"Aprendi que nem toda família é de sangue. O jiu-jitsu me trouxe amigos maravilhosos e uma família que me dá forças. Depois de Barueri, percebi isso ainda mais. Sem eles, eu não estaria tentando."
Quais foram os principais aprendizados — técnicos ou emocionais — que você tirou desse campeonato?
"Que a calma, a resiliência e a persistência sempre vencem."
Qual mensagem você deixaria para outras mulheres que sonham em competir e conquistar espaço no jiu-jitsu?
"Não tenham medo de tentar. Nem sempre a vitória está no título em si, mas no processo e na experiência. Vale a pena!"
A fala de Tainá Dames ecoa como um lembrete poderoso de que cada atleta carrega consigo batalhas invisíveis — e que o pódio é apenas parte de uma jornada muito maior. Em tempos em que o esporte busca se tornar mais humano e inclusivo, histórias como a dela mostram que há muito a celebrar além do primeiro lugar.
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